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Os desafios da química analítica na análise de efluentes

Data da publicação: 6/23/2025
Publicado por: Umwelt Ambiental


Os desafios da química analítica na análise de efluentes

A análise de efluentes industriais é uma das tarefas mais exigentes dentro da química analítica. Estamos falando de matrizes complexas, carregadas de compostos que variam imensamente de uma amostra para outra. O que isso significa na prática? Que não basta ter um equipamento sofisticado, é preciso muito mais do que isso para gerar um dado com real valor técnico.

Interferentes: um obstáculo frequente e subestimado

Parâmetros como DQO e DBO ilustram bem essa realidade. Embora sejam análises amplamente conhecidas, estão longe de ser simples:
• A DQO pode ser superestimada pela presença de substâncias redutoras ou subestimada caso haja material particulado sedimentável que não entre completamente na reação.
• Já a DBO pode sofrer interferência de compostos tóxicos ou bactericidas que inibem a atividade microbiana, além de depender fortemente do tempo de estabilização da amostra e da preservação adequada até a análise.

Mesmo análises rotineiras, como pH ou cor aparente, podem apresentar distorções em razão de cargas elevadas de sólidos ou substâncias com propriedades absorventes ou reativas.

Porque o olhar do analista continua indispensável

A presença desses interferentes, e a necessidade de tratá-los corretamente, exige que o analista tenha um papel ativo na construção do resultado. Isso inclui:
• Realizar o pré-tratamento adequado da amostra (filtração, diluição, neutralização, etc.);
• Entender a química da reação envolvida: o que ela mede, o que ela ignora, o que ela pode falsear;
• Avaliar criticamente o dado obtido, considerando o histórico da amostra, as condições do ensaio e até o comportamento do equipamento.

A análise crítica é, muitas vezes, o que separa um dado útil de um dado enganoso.

Desenvolvimento de métodos: mais do que seguir manuais

Um aspecto frequentemente subestimado na rotina analítica é o desenvolvimento (ou a real adaptação) dos métodos às características das amostras analisadas. A validação formal de um método, por si só, não garante resultados confiáveis se desconsiderar a matriz real dos efluentes. É necessário ir além da execução do protocolo e refletir criticamente sobre questões como:
• A curva analítica se comporta bem na faixa de interesse? Nem sempre a linearidade esperada se mantém quando se aproxima dos limites inferior ou superior do método.
• Os brancos de método estão realmente representando as condições de trabalho? Em muitos casos, o branco tradicional (água ultrapura + reagentes) não considera as interferências do próprio ambiente laboratorial ou do preparo das amostras.
• A matriz interfere na leitura? Padrões preparados em meio ideal nem sempre se comportam como a amostra real. Efluentes com turbidez elevada, corantes ou surfactantes podem alterar significativamente a resposta analítica. Nestes casos, pode ser necessário construir curvas em matriz ou aplicar correções específicas.
• O reagente é estável frente à matriz? Reagentes que funcionam bem em condições padrão podem ser degradados por oxidantes, precipitados por sais ou alterados por pH extremo. Essas reações colaterais, muitas vezes invisíveis, comprometem completamente o desempenho do ensaio.

Essas questões fazem parte do dia a dia de quem trabalha com seriedade na área e, embora muitas vezes silenciosas, têm impacto direto na credibilidade do resultado.

Uma cultura analítica mais consciente

Fomentar uma cultura de análise crítica, tanto nos laboratórios quanto no desenvolvimento de produtos analíticos, é um passo essencial para garantir dados confiáveis e tecnicamente sustentáveis. Não se trata de desconfiar do equipamento ou do método, mas de reconhecer que, na química analítica, o contexto sempre importa.

Aqui na Umwelt, cultivamos esse olhar nas rotinas de laboratório, nas validações internas e também no desenvolvimento de reagentes e kits. Não apenas porque isso melhora os resultados, mas porque isso educa o time e nos conecta ao que realmente importa: a confiabilidade crítica, construída por pessoas que sabem o que estão fazendo.

Se você também enfrenta esses desafios no laboratório, compartilha dessas reflexões ou quer seguir aprofundando esse tipo de conversa, acompanhe a gente no Instagram e no LinkedIn. A química analítica precisa (e merece) mais espaços como esses: técnicos, sérios e conectados com a realidade do nosso campo.



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